Uma das dúvidas mais frequentes do gestor de e-commerce é em relação ao cálculo do frete. Isso porque existem diversas opções a serem oferecidas ao cliente: frete fixo, grátis, por região, com desconto, por assinatura, entre outras.
Então, no conteúdo a seguir, falaremos sobre o que é o frete, como ele é calculado e os principais tipos disponíveis no mercado. Também daremos um foco maior às estratégias que devem ser analisadas para a oferta (ou não) do frete grátis. Gostou? Continue a leitura e confira!
Saiba o que é o frete e como a taxa é calculada
O frete nada mais é do que o transporte de carga. No caso da modalidade de frete e-commerce, trata-se do custo que se tem desde a retirada da mercadoria do seu estoque até a entrega no endereço do cliente.
Por isso, não existe frete grátis — ele sempre terá um custo. A diferença é que o valor pode ser absorvido pelo cliente, pela empresa ou, em proporções diferentes pelos dois.
Quando o transporte é realizado pelos Correios, a melhor estratégia é fazer um contrato com a empresa. Assim, você consegue descontos conforme o volume mensal de envio, o que torna mais baixas as despesas envolvidas.
Nessa alternativa, o cálculo é feito de dois modos: cobrança por peso físico ou por peso cúbico. Para encomendas com menos de 5 kg, é levado em consideração somente o peso físico, enquanto para pedidos que excederem esse valor, deverá ser feito o cálculo do peso cúbico e avaliado qual deles é maior, para fins de cobrança. Para obter o peso cúbico de um produto nos Correios, é preciso calculá-lo a partir das dimensões corretas:
(Altura X Largura X Comprimento) / 6.000
É importante que, para esse cálculo, todas as medidas estejam em centímetros. O valor de 6.000, por sua vez, representa o coeficiente da relação entre peso e volume mais adequada a cubagem em aeronaves, de acordo com as recomendações da IATA (Associação Internacional de Transportes Aéreos).
A opção dos Correios também é válida no caso de e-commerces que costumam vender em regiões muito afastadas, onde transportadoras não vão, ou mesmo fora do país.
Considere a opção de transportadora para e-commerce
Um dos problemas em relação à contratação do frete com os Correios é que a companhia tem limitações referentes ao peso e ao tamanho das mercadorias. Uma alternativa para esse tipo de logística é a transportadora, que pode absorver os itens que não se encaixam nos tamanhos exigidos pela estatal.
Lembre-se de que o frete inclui ida e volta
Outro ponto a se considerar no cálculo do frete é a chamada logística reversa, ou seja, os custos envolvidos na devolução dos produtos. Pela legislação brasileira, esse valor de troca deve ser absorvido pela empresa, que se responsabiliza pela busca do item no endereço do cliente e por seu posterior reenvio (ou reembolso, quando o consumidor desiste da compra).
É por isso que alguns cuidados, que podem parecer despesas em um primeiro momento, na verdade se tornam investimentos. É o caso da escolha por embalagens mais seguras e reforçadas ou da adoção de plástico bolha para proteger produtos sensíveis, por exemplo.
Há de se lembrar que o Brasil não é um país conhecido por estradas em perfeito estado. Portanto, proteger sua mercadoria da avaria causa pelo transporte pode fazer uma grande diferença no número de trocas realizadas.
Vale destacar também que as leis de proteção ao consumidor garantem ao cliente de e-commerce sete dias para desistir da sua compra, independentemente do motivo. Ou seja: mesmo que todos os cuidados sejam tomados, ainda pode haver trocas de produtos. Por isso, é muito importante levar em consideração o valor de logística reversa.
Confira os tipos de entrega existentes
Como dissemos, o frete sempre será um custo — a questão é quem pagará por ele: a empresa, o cliente ou os dois. Sendo assim, diversos tipos de entrega são amplamente oferecidos no mercado. A seguir, falaremos sobre o frete fixo, o frete grátis, por região, com desconto e por assinatura.
Frete fixo
Como o nome sugere, o frete fixo corresponde a quando uma empresa coloca um único valor de entrega para todos os produtos da loja, independentemente da região onde será realizada. Essa é uma estratégia que pode fazer o valor do frete ser compensado em algumas mercadorias, mas diminuir a margem de lucro em outras.
Por isso, antes de defini-la como a única opção do e-commerce, é importante analisar cuidadosamente o volume de vendas de cada produto, bem como seus respectivos pesos e tamanhos. É preciso obter o valor de frete mais preciso possível.
Trata-se de uma boa estratégia para o caso de lojas cujas mercadorias têm tamanhos e pesos semelhantes. Os e-commerces de joias e bijuterias são alguns dos exemplos.
Frete grátis
O frete grátis é, sem dúvida, um dos principais chamarizes dos e-commerces que o adotam. Segundo a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), 60% dos clientes avaliam em primeiro lugar o preço na hora da compra, seguidos por 39% que são atraídos pela ausência da taxa de entrega.
No entanto, a oferta de frete grátis antes da realização de um planejamento criterioso pode afetar bastante a rentabilidade do e-commerce, principalmente de pequenas lojas. Não à toa, uma pesquisa realizada pela Ebit indicou que, desde 2014, existe uma tendência de queda no número de comércios virtuais que oferecem a modalidade.
Mesmo as marcas que contam com essa opção têm sido mais criteriosas em relação ao valor necessário para obter o benefício. Em 2017, o ticket médio necessário para o frete grátis foi de R$ 266 — no ano de 2013, a quantia era R$ 170, segundo um estudo da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm).
Ainda assim, com a devida análise, é possível aderir ao frete grátis como um diferencial, a fim de atrair ou fidelizar os clientes. Boas opções para a oferta desse modelo de entrega são produtos com grande margem de lucro, que têm custos reduzidos no valor do frete ou estão parados no estoque há muito tempo — e precisam desse incentivo.
Outra vantagem do frete grátis são as campanhas de marketing que podem ser realizadas com base nesse diferencial. Elencamos algumas opções abaixo:
- fidelize seus clientes oferecendo cupons que podem ser trocados por frete grátis ou criando um sistema de pontos que culmine no benefício;
- aumente suas conversões aplicando a entrega gratuita em itens específicos;
- aumente o ticket médio oferecendo o frete grátis nas compras acima de uma quantia mínima de reais ou quantidade de produtos;
- favoreça o tráfego da loja com grandes ofertas de entrega para toda uma categoria ou até para o site todo.
Para quem não pode oferecer o frete grátis a todo o momento, ainda existem soluções capazes de baratear o serviço ou permitir a opção gratuita em determinadas épocas do ano. Veja algumas opções:
- negociar melhores acordos com a transportadora, ter contrato com os Correios (caso utilize o serviço) e buscar sempre pelo valor mais baixo — inclusive, é importante monitorar o mercado frequentemente, para descobrir se não há alternativas mais vantajosas do que as usadas por você atualmente;
- oferecer frete para regiões próximas com tarifas mais baixas;
- aplicar a opção do frete grátis para produtos que geram vendas complementares;
- deixar o valor da entrega embutido no preço do produto, principalmente naqueles mais baratos. Isso evita que o cliente se decepcione comprando um item de R$ 25 cujo frete custa R$ 30 (vale lembrar que o valor da entrega é um dos principais fatores de abandono do carrinho).
Frete por região
Uma loja também pode facilitar a vida de seus consumidores ao oferecer fretes diferenciados, que variam de acordo com a área onde será feita a entrega. Isso acontece com frequência em regiões metropolitanas, cujas opções de transporte são inúmeras, o que costuma deixar o valor do deslocamento mais baixo.
Nesses casos, é possível inclusive oferecer um diferencial de entrega mais rápida ou até no mesmo dia — quando os envios forem nas mesmas cidades em que estão localizados os estoques da empresa.
Frete com desconto
Muitas vezes, após um estudo detalhado dos gastos da empresa, chega-se à conclusão de que não é possível oferecer o frete grátis. No entanto, isso não significa que o consumidor precisa arcar com todo o custo.
Uma alternativa bastante válida é o frete com desconto, no qual o e-commerce assume uma parte do valor do deslocamento e o cliente, a outra. Além disso, é possível criar uma política de desconto progressivo, em que o custo da entrega será menor de acordo com o preço da compra.
Frete por assinatura
Uma modalidade que vem crescendo é a do frete por assinatura, na qual os clientes mais fiéis têm a opção de assinarem o benefício da entrega grátis. Na prática, o consumidor paga uma mensalidade que, em troca, dá o direito de receber gratuitamente todas as compras pelo site. Esse tipo de estratégia também costuma oferecer vantagens como entregas mais rápidas.
Se aplicado adequadamente, o frete por assinatura proporciona um benefício duplo para a empresa: além de garantir uma mensalidade com o seu cliente, a tática tende a torná-lo mais fiel à marca, já que ele sabe que terá a entrega sem custos na loja.
Bônus: dicas para pensar na logística
Um ponto importante, mas pouco considerado pelos gestores, é que o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) incide na cobrança do frete. É necessário, portanto, computar esse custo para definir o valor que será cobrado do cliente.
Vale lembrar que o consumidor gosta de ter várias opções de entrega para se sentir mais satisfeito. Então, uma dica é oferecer o deslocamento rápido de um dia, como o SEDEX, e a possibilidade de retirada em loja física, para casos em que o comprador precise usar imediatamente o item adquirido.
A ideia é que o cliente perceba as opções diferenciadas e escolha a mais conveniente. É possível, por exemplo, oferecer o frete grátis com prazo de entrega longo e cobrar por um envio mais rápido do produto.
Outra dica importante é: não se esqueça de que a transparência faz bastante diferença. Então, é fundamental informar de maneira clara as regras de frete, seus prazos e suas regras de devolução, além de permitir que o consumidor acompanhe a entrega da encomenda de forma automatizada, por e-mail ou pelo rastreio dos Correios ou da transportadora.
*Artigo publicado originalmente em abril de 2018 e atualizado em março de 2020.