A Black Friday no Brasil já se tornou um dos principais eventos do calendário do comércio eletrônico. Junto com outras datas mais tradicionais, como o Natal e o Dia das Mães, lojistas de todo o país criam uma grande expectativa de vendas para esse período.
Para se ter ideia do seu impacto, a Black Friday gerou um faturamento de R$2,6 bilhões para o e-commerce brasileiro em 2018, segundo a 39ª edição do Webshoppers produzido por Ebit | Nielsen. Esse número representou 4,9% de todo o faturamento do mercado online nesse ano.
Em 2019, a Black Friday vai acontecer no dia 29 de novembro.
O que é a Black Friday?
Criada pelo comércio norte-americano, o principal objetivo da data é escoar o estoque de produtos parados e inaugurar o calendário de vendas para as festividades de fim de ano. Embora tenha ganhado popularidade na década de 1990, foi somente no início dos anos 2000 que se tornou o principal dia de compras dos Estados Unidos.
Nessa época, é comum surgirem imagens na televisão e internet de consumidores desesperados, invadindo lojas para garantir a compra dos produtos, que chegam a ter descontos de até 90% em relação ao valor original.
Acontecendo sempre na quarta sexta-feira do mês de novembro, logo após o tradicional feriado de Ação de Graças (Thanksgiving, em inglês), essa já se tornou uma tradição no país, espalhando-se rapidamente pelo mundo.
Como surgiu essa data?
Existem diversas versões para o surgimento do nome Black Friday e para a liquidação sem precedentes que acontece nessa data.
Uma das histórias mais comumente aceitas é de que o termo foi usado pela primeira vez em 1869, durante a corrida do ouro na Bolsa de Nova York. Ele surgiu com uma conotação negativa, após dois especuladores, Jay Gould e James Fisk, terem tentado dominar o mercado do metal precioso.
Foi preciso uma intervenção do governo para corrigir a situação, elevando a oferta da matéria prima — o que levou a uma queda inesperada dos preços. Com isso, vários investidores perderam fortunas.
O nome só começou a ter relação mais próxima com seu significado atual na Filadélfia dos anos 1960. Segundo consta, essa era a maneira como os policiais da região designavam o tráfego caótico causado pelo movimento de consumidores após o feriado de Ação de Graças. Os lojistas, em uma tentativa de tornar o termo mais positivo, tentaram mudá-lo para “Big Friday”, porém, não obtiveram sucesso nisso.
O presidente Franklin Roosevelt e a Black Friday
Embora o nome Black Friday só fosse se popularizar décadas mais tarde, o costume de iniciar as compras de final de ano após o Dia de Ação de Graças começou muitos anos antes.
O tradicional desfile de Papai Noel promovido pela loja de departamento Macy’s tem grande envolvimento nisso. Inspirado pelas paradas promovidas pela vizinha canadense Eaton’s, que realizou seu primeiro evento em dezembro de 1905, a Macy’s incorporou a ideia para a realidade norte-americana — tornando-se um verdadeiro ritual do Thanksgiving. Os desfiles incentivavam os consumidores às compras e o estabelecimento passou a patrocinar espetáculos semelhantes em todos os Estados Unidos.
O fomento para o comércio durante essa época do ano ganhou mais força em 1939. Naquele ano, a última quinta-feira do mês (que era estabelecida até então como a data de Ação Graças) coincidiu com o último dia de novembro.
Os lojistas, então, preocupados com o curto período disponível para compras até o Natal, enviaram uma petição ao presidente Franklin Roosevelt solicitando o início das festividades uma semana mais cedo. A mudança foi decretada pelo chefe de Estado e o feriado foi então apelidado naquele ano de Fransgiving (em uma brincadeira com o nome em inglês).
Em 1941, a data foi transferida oficialmente para a quarta quinta-feira de novembro, evitando o problema em anos seguintes. Assim, hoje em dia, a Black Friday coincide com a quarta sexta-feira do mês, mantendo a tradição de acontecer logo após o Thanksgiving.
Como funciona a Black Friday no Brasil?
Embora repleto de história, o nome Black Friday ficou restrito à Filadélfia até a década de 1990, quando se espalhou por todo o território norte-americano. Porém, a data só ganhou a importância que tem hoje no início dos anos 2000.
A partir disso, a ideia se espalhou rapidamente ao redor do mundo, sendo chamada de “El Buen Fin” no México (do espanhol, o bom fim de semana), e chegando a terras brasileiras em 2010, capitaneada pelo comércio eletrônico.
Qual é o impacto da Black Friday no e-commerce?
A Black Friday no Brasil sempre teve desde o seu início uma ligação muito forte com o mercado online. Foram as lojas virtuais que importaram a ideia americana que, com o tempo, conquistou todo o comércio do país — físico e eletrônico. E a tendência é que esse processo se intensifique cada vez mais.
De 2017 para 2018, houve um crescimento de 23% no faturamento das vendas desse período, segundo o 39º Webshoppers. Já o número de pedidos aumentou 13%, atingindo a marca de 4,3 milhões.
Com o objetivo de vender ainda mais, muitos e-commerces e marketplaces têm antecipado a comemoração, criando, assim, a Black Week: uma semana inteira de ofertas antes mesmo da data propriamente dita. Já outros estabelecimentos vão além, oferecendo promoções especiais ao longo de todo o mês de novembro.
Nesse sentido, a preparação para esse dia deixou de ser um diferencial e passou a ser uma necessidade para as empresas se manterem competitivas no mercado. Quem se preparar desde cedo, sairá na frente nessa corrida.
Dicas para preparar seu e-commerce para essa data
Em 2019, a Black Friday no Brasil acontecerá no dia 29 de novembro. O segredo para que essa data gere bons resultados em vez de dor de cabeça é um bom planejamento. Para ajudar você a vender mais nessa época com menos preocupação, separamos algumas dicas essenciais. Confira!
1. Analise os resultados do ano anterior
Se sua loja virtual já executou uma campanha de Black Friday antes, esse é o momento de analisar os resultados obtidos. Avalie o que deu certo, o que gerou problemas e o que pode ser melhorado. Nesse sentido, os contatos abertos nos canais de atendimento podem oferecer insights poderosos sobre o que pode ser mudado.
Além disso, as métricas passadas podem fornecer uma importante base para definir metas melhores para o ano seguinte, que sejam realistas e suficientemente desafiadoras. Caso o seu e-commerce nunca tenha participado do evento, faça pesquisas e reúna dados de referência para a construção de sua estratégia.
Seja essa sua primeira vez ou não, é fundamental definir um processo para o registro de todas as informações. Só assim elas poderão ser facilmente usadas como fontes de melhoria para os anos seguintes.
2. Prepare-se para o pico de acessos
Se tudo ocorrer como planejado, a sua loja virtual receberá um pico de acessos além do normal nesse período. Embora seja esse o caminho para vender mais na Black Friday, é preciso estar preparado para atender corretamente essa demanda.
Qualidade da plataforma
Contar com uma plataforma de e-commerce e um servidor de qualidade são alguns dos fatores cruciais. Não existe nada mais frustrante (tanto para o lojista quanto para o consumidor) do que uma queda no site da loja virtual bem no momento de maior interesse por seus produtos. Esse fato pode fazer com que os clientes desistam de comprar no seu site e que formem uma opinião negativa sobre sua marca, gerando graves consequências.
Ainda, nesse sentido, contar com suporte adequado em casos de problemas e falhas técnicas pode ser a diferença entre sucesso e fracasso de vendas. Em alguns sistemas esse serviço já está incluso na contratação da plataforma, o que se torna um grande diferencial.
Adaptação para dispositivos móveis
Ainda de acordo com o 39º Webshoppers, 7 a cada 10 brasileiros já possuem um smartphone. Em 2018, 35% dos pedidos do e-commerce foram feito por meio de dispositivos móveis.
Esses dados demonstram uma tendência cada vez mais crescente dos consumidores à realização de compras mobile. Por isso, seu e-commerce deve estar preparado para atender a essa demanda e não perder oportunidades por falta de adaptação da plataforma de sua loja virtual.
Reforço na segurança
Períodos atípicos de vendas são encarados com interesse por hackers e operadores de esquemas fraudulentos. Isso porque o alto volume de pedidos ajuda a encobrir suas ações e proporcionam brechas para que esses indivíduos lucrem ilegalmente.
Por isso, investir em segurança é ainda mais importante nesse momento — embora essa deva ser considerada uma prioridade no funcionamento de qualquer e-commerce também fora dessa época. Essa atitude é fundamental para a manutenção da confiança dos seus clientes em sua marca e evitar problemas.
Preparação do Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC)
Mais vendas também pode ser um sinônimo de mais suporte. As pessoas têm dúvidas em relação aos produtos, à transação, a problemas encontrados durante o processo de compra, etc. — e elas desejam ser respondidas rápido.
A internet apresentou uma série de inovações para o mercado, mas também imprimiu um ritmo de resposta quase instantâneo. A demora excessiva e um atendimento superficial e pouco humanizado são grandes fontes de reclamação. Isso pode não comprometer somente aquela venda específica, mas danificar toda a confiabilidade que as pessoas têm em sua loja.
Por isso, investir em um SAC capaz de atender essa alta demanda a partir de um contato humanizado e empático em relação às dúvidas do consumidor é essencial para o sucesso não só durante a Black Friday mas para seu negócio de maneira geral.
3. Planeje antecipadamente a logística
Não será somente você que vai ter uma demanda acima do normal. Durante esses períodos, fornecedores, transportadoras e os Correios também estarão sobrecarregados para atender ao aumento no volume de pedidos.
Assim, planejar antecipadamente a logística é importante para evitar adversidades e garantir a satisfação do cliente. Para isso, atitudes como a formação de parcerias com as partes envolvidas na cadeia de suprimentos e um bom controle de estoque são fundamentais.
4. Planeje com cuidado as ofertas
Não é raro cair na tentação criada pela guerra de ofertas. Em busca de conquistar mais consumidores, as empresas têm investido em estratégias cada vez mais agressivas de vendas. Mas essa tática muitas vezes pode ter um efeito contrário: o prejuízo.
Antes de definir os preços que serão praticados nessa data, é importante saber quanto esses itens custam para seu empreendimento e qual é a margem de lucro mínima para tornar esse negócio vantajoso. Lembre-se de que nessa variável estão envolvidos mais fatores do que só o valor da mercadoria em si, mas os custos de estoque, transporte, possível logística reversa, etc.
É comum grandes empresas fazerem ofertas radicais para conquistar o consumidor e buscar lucrar somente após a fidelização desse cliente. Embora essa tática possa fazer sentido para grandes operações, pode não ser o caso do seu e-commerce. Por isso, avalie tudo isso com cuidado.
Uma maneira de conseguir abaixar os preços sem prejudicar a margem mínima de ganho com ele é realizar antecipadamente negociações com os fornecedores, buscando economia no volume de itens adquiridos ou em outros aspectos do contrato.
5. Crie uma estratégia de marketing
Nesse caso, é válido o ditado de que “quem não é visto não é lembrado”. Com tantas empresas competindo pela atenção dos consumidores, é preciso investir em estratégias de marketing e de divulgação.
Essa preocupação deve começar já na página inicial de seu site, com banners anunciando a chegada da Black Friday e recursos como as janelas de pop-up. Criar com antecedência landing pages para a captura de e-mails também pode ser uma tática interessante. Assim, você constrói uma base de contatos interessados em suas ofertas durante essa campanha e pode informá-los diretamente em sua caixa de entrada sobre o início das promoções.
Outras ações incluem investimento em anúncios em mídias pagas e outras alternativas, como a inclusão de um contador para o fim da oferta em seu site, criando um senso de urgência nos compradores.
6. Seja honesto com seu público
Seja qual for sua estratégia, é essencial manter a honestidade com seu público. Logo no início dessa data no Brasil, ela ficou conhecida pejorativamente como “Black Fraude”. Isso porque muitas lojas aumentavam os preços dos produtos antes da sexta-feira para depois realizar ofertas para o valor original da mercadoria, buscando lucro de maneira considerada pouco ética.
Os consumidores estão cada vez mais atentos a esse tipo de manobra e, o que a primeira vista parece uma excelente oportunidade de ganho fácil, pode prejudicar definitivamente a visão de que eles têm da sua marca. Além disso, sites comparadores de preço disponibilizam um histórico dos valores daquele produto, evidenciando mudanças bruscas antes do evento.
Por isso, o melhor conselho sempre é buscar realizar ofertas realistas mantendo a integridade e a confiança depositada pelos seus clientes em seu e-commerce.
Esperamos que essas dicas possam ajudar você a se planejar melhor para a Black Friday no Brasil. Aproveite e deixe um comentário com suas dúvidas e impressões!
*Artigo originalmente publicado em outubro de 2018 e atualizado em setembro de 2019